terça-feira, 11 de setembro de 2012

Memória e Mídia

Não muito mais que um milênio atrás, tudo o que nós lembrávamos tinha acontecido conosco. Na vida real.

Livros, depois o rádio e a TV mudaram isso. Orson Welles demonstrou que um drama de rádio podia criar sentimentos (e consequentemente memórias destes sentimentos) que eram tão poderosas para alguns quanto as do mundo real.

Onze anos atrás, todos nós tivemos a experiência de um evento de tal magnitude que ainda nos assombra. Alguns escaparam, outros viram de suas janelas enquanto outros assistiram pela televisão.

Apenas uma década depois, estamos muito mais propensos a celebrar e gerar nossas memórias em rajadas de 140 caracteres ou em updates curtos ou num email de "últimas notícias". A versão curta amplifica nossas outras memórias. A morte de Neil Armstrong nos chocou não porque nós o conhecíamos, mas sim porque nos lembrávamos dele da televisão... Um pontinho de informação sozinho foi suficiente para que  parássemos por um instante.

Há algumas gerações atrás, a única música que as pessoas ouviam eram aquelas ouvidas pessoalmente. Hoje, as mais famosas (e de certo modo, importantes) pessoas nas nossas vidas nós nunca vamos encontrar.

Na medida em que continuamente recolocarmos em nossa vida real curtos updates digitais, o que irá ocorrer às memórias que construímos para nós mesmos e para as pessoas que convivemos? Mais e mais, nós não lembramos o que, de fato, aconteceu à nós, mas sim o que aconteceu digitalmente. Isto amplifica, mas será que significa a mesma coisa?

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Tradução de Silvio Luis de Sá. Texto original em Seth's Blog

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