quarta-feira, 20 de março de 2013

Nós vs. Nós


Quem enganaria a feira de caridade de igreja?

"Ei, eu sabia que era para trazer comida de casa, mas eu comprei uma macarronada barata no mercado e misturei tudo numa tijela e enganei vocês...", "Sim, eu entrei na fila duas vezes para comer mais do que todo mundo, e na verdade, um cara mais velho (meu primo!) não comeu nada" ou "Isto não é nada, eu não me incomodei de não ter trazido nada...".

Ninguém se gaba de ter subvertido uma comunidade da qual cuida porque seus pares iriam colocá-lo no ostracismo (e por quê você magoaria um grupo do qual faz parte?). Não, nós nutrimos a comunidade primeiro, depois pegamos a nossa parte.

Por outro lado, nós geralmente devolvemos o carro alugado sem lavá-lo, ou fingimos que não estamos vendo alguém perdido no cinema escuro, ou não falamos nada quando há um erro a nosso favor cometido pela empresa de cartão de crédito. Isto porque estas instituições estão à parte de nós e não são parte de nós. Eles transacionam conosco, cobram pelo nosso interesse e pegam o que podem pegar da gente. Isto não é uma comunidade para ser nutrida, é meramente um meio para comprarmos o que precisamos, e o sistema é impessoal, industrial, aparentemente construído para ser jogado desta forma.

Em uma tribo online e comunidades digitais, no entanto, ao invés de adotarmos o princípio de "não urine na sua própria piscina", é fácil escorregarmos no mesmo esquema mental do nós vs eles. Quando você soca bonecos no wikipedia ou vandaliza os comentários num blog, quem está sendo prejudicado?

Um jeito de olhar a web é ver bilhões de pessoas, anônimas, atirando uma nas outras. Um outro jeito é visualizar círculos menores, as tribos de seres-humanos independentes ajudando outros e sendo ajudados.

Quando nós roubamos, quebramos ou brincamos com o sistema de uma comunidade da qual gostamos, nós prejudicamos outros com qual estamos ligados, e desta forma prejudicamos a nós mesmos.

Comunidades online são rapidamente formadas, mas elas são tão rápidas em desaparecer também, tornando-se menos abertas e tornando-se menos confiável porque nós temos a cultura de tirar, não de dar. Nós esquecemos de nutrir a rede primeiro, de cuidar daqueles que gostamos.

Aqui um possível padrão: está aberto, é justo e bom para outros? Se não, a comunidade pede para que você leve suas palhaçadas egoístas para outro lugar.

Chame-me de ingênuo, mas eu acredito ser possível (e provável) que as tribos digitais que estamos formando irão verdadeiramente mudar as coisas para melhor. Mas não até aceitarmos o fato de que nós somos nós.

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Traduzido por Silvio Luis de Sá. Texto original em Seth's Blog

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