terça-feira, 18 de junho de 2013

"Façamos todos parte dessa luta"

As manifestações que estão ocorrendo por tudo o país são fruto da mesma revolução tecnológica das redes sociais que faz com que pessoas se comuniquem como nunca antes. Mais do que isto, hoje, cada cidadão conectado pode ser uma "mídia" capaz de mobilizar outros a se engajarem numa mesma causa.

Há algum tempo, esta revolução se fez sentir junto as empresas. Em alguns setores, o negócio tradicional que vigorou por todo século passado simplesmente deixou de existir. Vejamos o exemplo das companhias aéreas e das agências de viagens; do setor editorial das revistas e jornais impressos e até os grandes players do varejo tradicional estão sentindo as ondas de choque provocadas pelas mudança promovida por esta revolução.

A revolução da comunicação, do engajamento, do crowdsource promovido pelos indivíduos conectados está atingindo a política e a mobilização social. Vimos seu poder em 2011, na Primavera Árabe, quando, inicialmente organizados pelos estudantes, o movimento de mobilização de algumas sociedades árabes derrubou governos e iniciou mudanças. Incompreendida no princípio, a Primavera Árabe expôs como o engajamento dos indivíduos insatisfeitos e conectados entre si era muito mais forte do que qualquer mobilização partidário-ideológica.

Hoje, estamos vendo no Brasil manifestações semelhantes. Jovens conectados que trocavam em posts suas indignações há anos via redes sociais, "saíram" de dentro de seus computadores, tablets e smartphones e foram às ruas. Inicialmente contra o aumento das tarifas de ônibus. E agora, por conta de toda uma insatisfação com os péssimos serviços públicos oferecidos à população à custos tributários altíssimos. E mais. Contra a corrupção endêmica no Brasil, contra a péssima qualidade dos políticos que nos representam, contra o oba-oba do Congresso que legisla em causa própria, conta o autoritarismo do exeutivo que governa por meio de decreto, contra a ineficiência do poder público em conter a violência, contra a falta de qualidade da educação...

Os atos de vandalismo estão sendo praticados por diminutos grupos oportunistas que visam nada a não ser a baderna. Talvez algum interesse escuso de dar as manifestações uma cara que elas não tem: violenta, arruaceira e depredadora. Este atos são, inclusive, repudiados por aqueles que estão lá, nas ruas, levantando seus cartazes e soltando suas vozes. É, no mínimo, estranho que estes grupos, tão pequenos e articulados, ainda não foram alvo de investigação policial.

Contudo, o que estamos vivendo é um movimento legítimo por mudança. Esperemos que após a onda de protestos, novos líderes, jovens e comprometidos, surjam. Que todos nós da sociedade vejamos que para mudar a política, temos que nos engajar em movimentos sociais, arejar as ideias dos partidos politicos que estão aí; temos que nos envolver, temos que querer votar e querer ser votado.

A política e toda sua estrutura existe para nos representar. E, se os que estão lá para isto não o fazem, é porque eles estão à vontade demais para exercerem seus desmandos. Vamos aprender a não ficar alheios, a cutucar quem nos incomoda, gritar na orelha dos que não nos ouvem e mudar este país.

 Fotos: JB Online, O Globo

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