Há algum tempo, esta revolução se fez sentir junto as empresas. Em alguns setores, o negócio tradicional que vigorou por todo século passado simplesmente deixou de existir. Vejamos o exemplo das companhias aéreas e das agências de viagens; do setor editorial das revistas e jornais impressos e até os grandes players do varejo tradicional estão sentindo as ondas de choque provocadas pelas mudança promovida por esta revolução.
A revolução da comunicação, do engajamento, do crowdsource promovido pelos indivíduos conectados está atingindo a política e a mobilização social. Vimos seu poder em 2011, na Primavera Árabe, quando, inicialmente organizados pelos estudantes, o movimento de mobilização de algumas sociedades árabes derrubou governos e iniciou mudanças. Incompreendida no princípio, a Primavera Árabe expôs como o engajamento dos indivíduos insatisfeitos e conectados entre si era muito mais forte do que qualquer mobilização partidário-ideológica.
Hoje, estamos vendo no Brasil manifestações semelhantes. Jovens conectados que trocavam em posts suas indignações há anos via redes sociais, "saíram" de dentro de seus computadores, tablets e smartphones e foram às ruas. Inicialmente contra o aumento das tarifas de ônibus. E agora, por conta de toda uma insatisfação com os péssimos serviços públicos oferecidos à população à custos tributários altíssimos. E mais. Contra a corrupção endêmica no Brasil, contra a péssima qualidade dos políticos que nos representam, contra o oba-oba do Congresso que legisla em causa própria, conta o autoritarismo do exeutivo que governa por meio de decreto, contra a ineficiência do poder público em conter a violência, contra a falta de qualidade da educação...
Os atos de vandalismo estão sendo praticados por diminutos grupos oportunistas que visam nada a não ser a baderna. Talvez algum interesse escuso de dar as manifestações uma cara que elas não tem: violenta, arruaceira e depredadora. Este atos são, inclusive, repudiados por aqueles que estão lá, nas ruas, levantando seus cartazes e soltando suas vozes. É, no mínimo, estranho que estes grupos, tão pequenos e articulados, ainda não foram alvo de investigação policial.
Contudo, o que estamos vivendo é um movimento legítimo por mudança. Esperemos que após a onda de protestos, novos líderes, jovens e comprometidos, surjam. Que todos nós da sociedade vejamos que para mudar a política, temos que nos engajar em movimentos sociais, arejar as ideias dos partidos politicos que estão aí; temos que nos envolver, temos que querer votar e querer ser votado.
A política e toda sua estrutura existe para nos representar. E, se os que estão lá para isto não o fazem, é porque eles estão à vontade demais para exercerem seus desmandos. Vamos aprender a não ficar alheios, a cutucar quem nos incomoda, gritar na orelha dos que não nos ouvem e mudar este país.
Fotos: JB Online, O Globo
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