quinta-feira, 22 de março de 2012

Marketing da Iniciativa

O nível de produção e de serviços das empresas, ao longo de mais de um século de especialização e de barateamento de custos, atingiu o limite da curva  - ou está perto de atingir. Hoje, tudo o que compramos, funciona; se não funcionar, compramos do concorrente. Existem serviços para quase todas as nossas necessidades e preços. E o mercado está sempre pronto a satisfazer nossas carências. A oferta é abundante!

Este cenário de satisfação plena de consumo por parte dos clientes levou as empresas à buscarem por algo tão intangível quanto a vontade do mercado por novidade: iniciativa. E iniciativa só vem de pessoas. Pessoas dispostas a mexer, cutucar, testar, errar e recomeçar. Organizações estão ávidas por estes profissionais embora muitas ainda não percebam que o diferencial competitivo reside neles.

Claro que iniciativa só não basta. É crucial para profissionais de qualquer área que, antes, eles busquem, segundo Seth Godin, "os seis imperativos do mercado":
  • Primeiro imperativo: estar atento - atento ao mercado, as oportunidades, a quem você é.
  • Segundo imperativo: ter educação - formação especializada é essencial para compreender o que está a sua volta.
  • Terceiro imperativo: estar conectado - "mostrar a cara", expor-se, interagir para que você possa ser confiável.
  • Quarto imperativo: ser consistente - para que as pessoas saibam o que esperar de você.
  • Quinto imperativo: construa um ativo - para que você possa negociá-lo. Ou seja, crie algo que somente você tenha, isto pode ser uma ideia já testada, conhecimento adquirido, uma empresa, um serviço, um blog...
  • Sexto imperativo: ser produtivo - para que você possa ser bem pago.*

Aprendemos estes pré-requisitos ao longo de nossa vida acadêmia e profissional. São commodities, todos que almejam sucesso, os constrói de alguma maneira. Porém, líamos que com a iniciativa era diferente, que era para algumas pessoas, um traço da personalidade. Nada mais falso! Iniciativa pode ser aprendida, assimilada e praticada como qualquer habilidade. Todos nascem com ela. As crianças tem iniciativa pois, sem ela, é impossível descobrir o mundo. 

Ter iniciativa é ser iniciador. E para iniciar precisamos correr riscos. Ou seja, é necessário ter a coragem de assumir a possibilidade de algo não dar certo e ser capaz de aprender com o erro. Nas corporações tradicionais, há tempos atrás, esta característica não era incentivada. Era melhor tem empregados obedientes ao invés de iniciadores. Não era permitido contestar o sistema produtivo ou sistema de vendas ou o sistema de atendimento ao cliente. Isto era para a diretoria. Este tempo passou e empresas que ainda adotam estas políticas gerenciais são as mesmas que temem mudanças, não entendem o mercado e tentam criar leis que impeçam-no de evoluir.

Hoje, as corporações perceberam que é fundamental ter em seus quadros profissionais com iniciativa para que o marasmo dos processos seja sacudido e alterado. Pequenas modificações, muitas vezes, são o diferencial que atrai o cliente para este produto e não para aquele. Se não der certo, no problem, o que importa é a perseverança na melhoria e inovação.

Muitos são os exemplos de pessoas e empresas, nas mais variadas áreas, que chegaram ao sucesso (e conseguem se manter lá) por meio da iniciativa, assumindo riscos e aprendendo com erros. Contudo, é costume da nossa sociedade criticar o que não dá certo, mas somente com os insucessos seremos capazes de acertar na próxima tentativa. O que não podemos é deixar de acreditar. Aqueles que param de tentar são os mesmos que reclamam do chefe, do emprego, do salário, da vida. Não sejamos um deles!

No mundo real e digital, vemos diariamente pessoas iniciando novos projetos, novos empregos ou novos empreendimentos. Com a formação certa, todos podem ingressar nessas iniciativas. A facilidade de conexão proporcionada pela internet nos ajuda a encontrar as pessoas certas e conhecer os empreendimentos que mais nos atraiam. Mexa-se, cutuque, faça, erre e acerte! O mercado procura por pessoas assim.

* Poke the Box - Godin, Seth (página 4, em inglês). Com alterações